E o primeiro post no Ecoar do Bem será sobre um tema que eu, Suzana, amo, mas que a princípio nem todos entendem qual o link com um portal que pretende ecoar o bem, falar sobre notícias que aquecem o coração, mas pega o fio que ao longo do texto eu vou explicar o que a moda e o maior evento da moda brasileira tem a ver com notícias do Bem.
A SPFW N54 está rolando até dia 20/11 em São Paulo, mas o texto não é sobre o evento em si e sim sobre a sétima participação do Ponto Firme na semana de moda.
A sétima participação do Ponto Firme no São Paulo Fashion Week propõe uma reflexão sobre o resgate e a valorização da cultura e identidade brasileira. Tem como referência o Manto Cerimonial Tupinambá, confeccionado no Brasil entre os séculos 16 e 17 (resgate da cultura indígena, do povo originário do Brasil, descolonização da moda). A coleção conta com 30 looks, todos produzidos com fios da Círculo S/A por mais de 30 artesãos, participantes da Escola Ponto Firme e também por alunos do Projeto Ponto Firme, que são detentos da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey (projeto social que leva a moda para a penitenciária e coloca detentos como protagonistas de suas próprias histórias, novamente tocamos na questão de descolonização da moda). O desfile está marcado para sábado, 19 de novembro, às 16 horas, no Komplexo Tempo, na Mooca, e conta com o apoio da Círculo S/A, Rider e Brazil Foundation.
O Manto Cerimonial Tupinambá, principal inspiração para o desenvolvimento da coleção, é símbolo da memória e da resistência do povo indígena Tupinambá. “Sua história nos leva aos tempos remotos dos primeiros encontros com europeus que aportavam na costa brasileira e nos atualiza sobre a história recente de luta pelo reconhecimento da identidade, dos direitos e da terra indígena”, comenta Gustavo Silvestre, estilista que coordena o Ponto Firme.
A stylist indígena Day Molina vem para contribuir com o seu ativismo e experiência, unindo forças com o Ponto Firme, que traz uma forte mensagem social em cada edição do SPFW, evidenciando alguma questão que precisa de voz. Nascida em Niterói (RJ), a família materna de Dayana é originária da aldeia indígena Fulni-ô, no sertão de Pernambuco. “A representatividade não é só sobre ter uma modelo na capa. Precisamos descolonizar o nosso olhar, a nossa mente, a nossa escuta. Por muito tempo, se teve esse olhar eurocêntrico sobre a vida, sobre os comportamentos, as tendências de moda e beleza. Precisamos ver aquilo que é original desse país como algo belo. É importante que haja diversidade para que todas nos sintamos bem e representadas enquanto mulheres e indivíduos humanos”, pondera.
Serão cerca de 30 looks produzidos para o desfile da SPFW, todos com fios da Círculo S/A. Os fios mais utilizados da marca são: Susi, Barroco Maxcolor, Queen, Barroco Natural e Barroco Decore Luxo. Mais de 30 artesãos participaram do desenvolvimento da coleção, entre os alunos detentos, egressos do sistema prisional, pessoas trans em situação de vulnerabilidade social e também refugiados. Além disso, serão apresentadas peças desenvolvidas por artesãos indígenas com curadoria de Day Molina. (A moda é espaço para todes, todas e todes!)
Nesta edição, também serão apresentadas as papetes Rider NX em collab com o Ponto Firme. Logo após o desfile, os modelos estarão disponíveis na loja Rider, recém-inaugurada no Copan, em São Paulo. O Ponto Firme também vai disponibilizar, neste mesmo local, elementos exclusivos de customização desenvolvidos à mão pelos integrantes do Projeto Ponto Firme. “Esta é uma ação inédita e estará disponível em quantidade limitada para quem adquirir uma Rider NX Papete na loja. Assim como nos modelos apresentados na passarela, os clientes Rider, poderão acoplar os componentes customizáveis, desenvolvidos pelo Ponto Firme, em suas papetes”, explica Silvestre. (e fora do circuito Jardins, geralmente associado ao glamour fashionista, então abrimos espaço para outras regiões da cidade e com isso falamos também sobre inclusão).
Os artesãos do coletivo Artesanato Chave também participam da coleção. O grupo de artesãos e artistas é formado por três jovens da periferia de São Paulo, Vitor Siqueira (Crochê de Vilão), Diego Henrique Domingos (Arte do Magro) e Matheus Rodrigues (Sem Nome Ateliê), que desenvolveram peças como bonés, chapéus, bolsas e chaveiros exclusivamente para a coleção. “O trabalho feito nos bonés de crochê vai além da arte manual. É uma linguagem desenvolvida por jovens da periferia e também em presídios. A gente vê uma sinergia muito grande entre o Projeto Ponto Firme e o que eles fazem, já que são jovens da periferia, muitas vezes inviabilizados ou estigmatizados. Então acreditamos que é super importante darmos esse apoio para que eles sejam vistos como os artistas que são”, pondera Silvestre. (Para quem ainda não entendeu: a força e as novas ideias estão vindo da Periferia, basta acompanhar o movimento Hip-Hop, por exemplo, que inclusive tem uma pegada forte com a moda. E quando unimos moda e periferia temos mais inclusão social e empoderamento de comunidades acostumadas a viver a margem. Esse é um dos temas que mais me inspiram já que enxergo a moda como transformação social, expressão de um grupo e de indivíduos que utilizam as roupas e seus signos sociais como arte, como resistência, como forma de comunicar quem é e de onde veio, sem precisar falar)
E parabéns para as empresas que apoiam o projeto Ponto Firme como a Círculo, a Rider e também a Brazil Foundation. Em tempos que tanto se fala em ESG é bacana vermos ações reais de inclusão social e não apenas marketing na linha green washing (marketing que se diz verde de sustentabilidade, mas que só tem discurso e nada de ação. Quando o importante é que sejam realizadas ações efetivas em prol de projetos, instituições, artistas, esportistas que façam a diferença real no mundo. Palavras o vento leva e a verdade vem a tona, ações possuem bases sólidas e as empresas que já investem em ESG não por modismo, mas por valores, por acreditar no papel que cada pessoa e que cada empresa tem parra ajudar a transformar o mundo em um lugar mais justo, mais humano, mais sustentável, merecem sim ser citadas nas matérias e incentivadas a continuar trilhando os caminhos de uma sociedade inclusiva e diversa! Parabéns também ao Gustavo Silvestre, a Day Molina e os artistas Vitor Siqueira, Diego Henrique Domingos e Matheus Rodrigues por unirem forças e desenvolverem trabalhos tão significativos.
Ecoar do Bem é sobre inclusão, diversidade, transformação social, espaço de fala para todes, todas e todos, afinal juntos somos mais fortes!
Juntos somos mais fortes! Muito bom saber que pessoas que sofrem muito preconceito e geralmente é quase impossível arrumar emprego tenham a oportunidade de desenvolverem um belo trabalho e mais ainda poderem mostrar esse trabalho num evento de moda que tem reconhecimento internacional!SPFW já admirava esse evento e agora com a responsabilidade social e o engajamento de inclusão mais ainda!Su como sempre vc é engajada e tem um texto ótimo!Por mais pessoas e mais jornalistas como vc para um mundo melhor e mais consciente!!!
Obrigada, irmã querida!